(Parte 2: a segunda metade do século XIX)
A segunda metade do século XIX caracterizou-se pela forte expansão das actividades corticeiras não só em Portugal, bem como em Espanha. Neste contexto, Portugal manteve-se sobretudo como exportador de cortiça em bruto, não obstante o desenvolvimento de uma indústria de preparação de cortiça e, inclusivamente, de uma indústria de transformação de cortiça. Assim, na viragem para o século XX, a cortiça transformada já representava cerca de 23% do total das exportações nacionais cujo mercado preferencial era o Reino Unido seguindo-se os Estados Unidos, a Alemanha e a Rússia. O aumento do peso da cortiça na indústria nacional elevou-a ao terceiro produto mais exportado, sendo apenas superada pelo vinho comum (16%) e pelo tradicional vinho do Porto (25%). Naturalmente o número de estabelecimentos fabris e de operários aumentou também de forma considerável de um total de 70 trabalhadores em 1840, para cerca de 5000 em 1900; e de 45 fábricas em 1880, para um total de 115 em 1900.
Contudo este crescimento não foi uniforme, acentuando-se a partir dos anos 1880, período em que ocorreu um significativo melhoramento das infra-estruturas públicas, a erradicação final das estruturas sociais e económicas do Antigo Regime, a constante desvalorização do escudo que estimulou as exportações e, a nível internacional, o aumento da procura mundial de cortiça.
O incremento importância da cortiça no contexto português nos finais de novecentos foi suficiente para que se tenha colocado, por parte de alguns historiadores económicos, a hipótese deste sector poder ter liderado o desenvolvimento da economia portuguesa, caso se tivesse aumentado ou a sua produção total, ou a proporção de cortiça transformada em território nacional. No entanto, mesmo que Portugal conseguisse fabricar toda a matéria-prima disponível, o valor acrescentado seria de apenas 0,3% do PNB e, inclusivamente, a duplicação da mão-de-obra industrial corticeira que daí adviria traduzir-se-ia num aumento a nível nacional de uns escassos 2,2%. Quanto ao aumento da oferta de matéria-prima esta estava limitada, por um lado, à natural inelasticidade resultante da lentidão da formação do sobreiro e, por outro, pela escassez de terrenos adequados à expansão do montado suberícola. Ou seja, embora já importante na economia portuguesa, o negócio corticeiro não reunia as condições necessárias para retirar Portugal do atraso económico que se verificava em relação aos países mais desenvolvidos, e que acentuou durante todo o século XIX.
No Distrito de Portalegre esta época caracterizou-se pela expansão do número de pequenos estabelecimentos fabris de preparação de cortiça e de uma grande fábrica de produção de rolhas – a Fábrica Robinson de Portalegre. Esta resultou da aquisição da pequena fábrica dos Reynolds por parte de George Robinson na década de 1840. Acompanhando o crescimento do sector, a Robinson empregava cerca de 2000 trabalhadores em 1900 e começava a esboçar a sua acção social filantrópica, por exemplo, com a abertura de uma creche e a fundação de uma corporação de bombeiros.
Amigo, está errado «fundação de uma corporação de bombeiros» é mentira!
ResponderEliminarFundou sim, um corpo de bombeiros privativos.
Se tem dúvidas sobre este meu comentário, fale com o seu avô (por afinidade) Comandante Francisco Vinagre Coelho.
Caro Anónimo,
ResponderEliminarA informação que obtive é que os Robinson primeiro tiveram um papel activo na fundação da corporação de bombeiros de Portalegre em 1899 e, posteriormente, fundaram o seu corpo de bombeiros próprios em 1903. Contudo, como a fonte não é das que confio mais irei investigar.
Um abraço ;)