Por duas ocasiões membros do governo incentivaram os portugueses a emigrar. A primeira, através do Secretário de Estado da Juventude, direccionada aos jovens e, a segunda, por intermédio do Primeiro-Ministro, dirigida aos professores.
Sinceramente estas declarações provocam-me um sentimento misto. Por um lado, aprecio a honestidade do governo que, pelo menos por agora, não procura iludir o povo apresentando a dura realidade em que vivemos. É uma marca deste governo, na minha opinião positiva, que contrasta com a propaganda mentirosa do governo anterior que a esta altura estaria a dizer algo completamente irrealista como a diminuição drástica do desemprego já durante 2012.
No entanto, por outro, deixa-me triste, desiludido, zangado e revoltado. Estando dentro do grupo "convidado a sair", por ser "jovem", qualificado e desempregado, sinto-me descartável e indesejado no país em que cresci e em que reside tudo aquilo que mantém a minha vontade de viver. É como se estivesse numa festa e a organização me convidasse a sair. Chega-me a dar vontade de renunciar à cidadania portuguesa, se tal fosse possível para quem, como eu, não ter qualquer outra nacionalidade. Isto para não falar na forma brutal que o país é prejudicado se abdicar de grande parte do seu número já de si reduzido de jovens e, simultaneamente, dos seus quadros qualificados.
Além disso emigrar obriga a um esforço considerável. Tenho um primo doutorado que emigrou para os EUA - daqueles que o presidente da FCT, João Sentieiro, diz que não existem -, estando agora na Universidade de Nova Orleães e sei o sacrifício que ele faz diariamente ao ver-se privado da sua família. É, portanto, muito confortável "mandar" os outros emigrar quando estamos sentados no poleiro conquistado à custa do partido e de um sistema político corrupto.
Além disso emigrar obriga a um esforço considerável. Tenho um primo doutorado que emigrou para os EUA - daqueles que o presidente da FCT, João Sentieiro, diz que não existem -, estando agora na Universidade de Nova Orleães e sei o sacrifício que ele faz diariamente ao ver-se privado da sua família. É, portanto, muito confortável "mandar" os outros emigrar quando estamos sentados no poleiro conquistado à custa do partido e de um sistema político corrupto.
E aqueles que estão na mesma situação que eu, o que sentem quando vos apontam a porta da rua?
Compreendo qd dizes apreciar a honestidade do Governo qt a estas declarações, mas acho vergonhoso da parte de um chefe de Estado ter este tipo de discurso...num país completamente envelhecido e com uma emigração crescente de jovens qualificados, devia era arranjar estratégias para os manter por cá...não mandá-los embora!
ResponderEliminarEu apenas quero ir embora (temporariamente) pela experiência de estar fora e contactar com outas pessoas e outros modos de vida...não acho que todos deviam sair e deixar o país de mãos a abanar...será que Portugal vai tornar-se um lar daqui a 10 anos se todos emigrarmos?!
Só discordo num ponto Carlos... eu não vejo essa honestidade como um ponto exclusivamente positivo. Alguém que é a entidade máxima do governo ao "ser sincero" e assumir que a solução passa por sair do país é um desistir, é um "eu não sei fazer mais que isto". E, para mim, quando chegamos a esse ponto só há uma solução, dar lugar a quem consiga fazer melhor.
ResponderEliminarOlá CF. Dei consigo, por acaso, enquanto lia o Arrastão. A primeira reacção ao seu comentário (que entretanto elabora neste post) foi de indiferença. Enfim, mais um que não vive sem o raio da merda da referência ao Sócrates. Mas depois, bem vistas as coisas, até tem o discurso de uma pessoa decente e equilibrada (coisa que, infelizmente, começa a escassear). Por fim, e tendo eu constatado que, caramba, é de Ponte de Sôr, lá tive de comentar o qeu diz.
ResponderEliminarGostava só de lhe perguntar se sabe o que é ter esperança. Se sabe - se já se apercebeu - que a economia é uma ciência humana. Que a confiança, a vontade de investir, de melhorar e de trabalhar, são factores puramente dependentes da esperança no futuro. Imediato ou a prazo, claro, mas construido a partir da percepção de que existe, na verdade, algo melhor para além dos dias que vivemos.
Apelida, como muita gente, não duvido (não foi em vão o bombardeamento soez proveniente de todos os sectores da sociedade, durante a ultima legislatura), de "mentirosa" a propaganda do Governo anterior. Tece umas considerações genéricas e polvilha com uma boa dose de preconceito. Está no seu direito, enfim.
Pergunto-lhe, então, se acha que a actual política está a ter bons resultados. Um país sem esperança é um país condenado. Um povo sem um desígnio, sem um objectivo se não o pagamento de uma dívida (que qualquer ignorante já terá percebido que será impossível de pagar nestes termos), é um povo morto.
Que pensa em emigrar, que não investe, que retira o dinheiro (muito ou pouco) e que o deposita na Alemanha, na Suiça ou em dólares numa offshore. Um povo sem esperança é um país moribundo.
Portanto, desculpe-me a rudeza, mas puta que pariu a conversa das mentiras do outro governo. Tenho pelo menos mais 30 anos de carreira contributiva e nunca achei - como acho agora com estas alimárias no poder - que o meu país se pode esvaziar de futuro. É que sempre andámos em "crise", está sempre tudo mal, somos sempre uns desgraçados. Isto, enfim, é o espírito português... mas nunca, nunca, tivemos a noção conjunta que um Governo não passa de um oficial de execuções.
Não sei se tem experiencia em gestão, mas gostaria de lhe perguntar se acha que uma administração deve ter este tipo de postura e de discurso derrotista ou se, pelo contrário, deve apelar às energias e à esperança dos trabalhadores. Já tive o privilégio de trabalhar com e para grandes homens que, em situações muito difíceis, souberam dar a volta por cima, com discursos de motivação e de inspiração ao trabalho. Saber investir, gastar dinheiro, é preponderante para conseguir sair de uma crise.
Neste momento, caro CF, vê-se apenas como estes, que tanto criticaram as políticas do anterior, se vêm completamente ultrapassados por uma crise que sempre nos transcendeu como nação e que sempre esteve além das nossas capacidades individuais.
Infelizmente, a politica do ódio, da difamação, do medo e da ignorância parece ter vencido - temporariamente - em Portugal. Mas, enfim, pode ser que o futuro nos traga algo melhor.
Sugerir a alguém que emigre não é, por si, um pecado capital. Só o é quando é um governante. Já não é um pequeno erro de um secretário da juventude (!!!) mas sim uma linha de política, quando é um, PM a sugeri-lo.
Isto é a completa demissão do seu papel enquanto primeiro ministro. Não é só rude e imbecil. É imoral (e ilegal, já agora, porque o papel é defender a Constituição da RP).
Bom vou dividir as respostas entre os dois primeiros comentário e o último que será bem longo. Sim Tiago e Maria, vocês têm razão ele admite a sua incompetência perante os problemas que se apresentam perante ele, no entanto, alguém como o anterior PM saberia da igual incompetência, mas manteria as aparências camufladas atrás de uma propaganda mentirosa não muito diferente de regimes totalitários.
ResponderEliminarGonçalo,
ResponderEliminarA sua resposta merece uma exaustividade para a qual só terei tempo logo à noite. Deixe-me, porém, adiantar-lhe que os post que faço aqui estão sempre incompletos devido à minha opção de síntese. Convido-o ainda a dar uma vista de olhos pelo resto do blog e, conforme prometido, logo responder-lhe-ei.
Gonçalo,
ResponderEliminarAntes de tudo quero agradecer o seu comentário, este espaço só faz sentido se conseguir levar a que os seus leitores o comentem.
Respondendo ao seu extenso comentário, sei bem que economia é uma ciência social da mesma forma que sei que, por essa razão, a gestão de expectativas é muito importante. Desde 2008 que estou ligado a um projecto de História Económica, o que me obrigou a muitas leituras e às consequentes aprendizagens sobre o assunto. Um indicador de confiança tem fortes repercussões na forma como as pessoas consumem, como aplicam as suas poupanças ou realizam determinados investimentos. Eu, por exemplo, adquiri uma bicicleta em Abril por cerca de 300 euros porque tinha prometido um emprego assim que terminasse o meu contrato. Tal não se concretizou e ando a adiar a aquisição de imensos bens, ou seja, e neste nano-exemplo o meu consumo retraiu-se imenso e, se de facto compreende a ciência económica, compreenderá o efeito acelerador e multiplicador que o consumo e o investimento têm numa economia.
Assim, compreendo e concordo, em parte, com o seu ponto de vista, o discurso do governo deveria ser mais optimista. No entanto, no extremo oposto temos José Sócrates onde o optimismo se torna mentira e, na minha opinião, a longo prazo isso é muito pior. Uma vez quebrada a confiança num executivo quer o mercado interno, quer o mercado externo passam a agir com uma desconfiança que é mais prejudicial do que o discurso pessimista de Passos Coelho. José Sousa dever-se-ia ter demitido ainda no seu primeiro mandato depois das aldrabices em que se viu envolvido desde o caso da licenciatura à Freeport, passando pela Câmara da Covilhã. E não me venha defendê-lo alegando que não foi condenado a nada em tribunal, se for honesto e inteligente (como parece sê-lo), sabe que a justiça pura e simplesmente não funciona com os fortes pois, frequentemente, está tão comprometida quanto estes.
Por último, concordo que o PM deveria ter outra postura nem que fosse a de simplesmente comprometer-se de fazer tudo ao seu alcance para evitar a quase inevitável emigração em massa. Contudo, prefiro a verdade dura à mentira descarada, isto é, Passos Coelho a José Sousa, embora não veja qualidades de governação a qualquer um deles.
Obrigado e volte sempre ;)
P.S. – Tem que me explicar essa referência a Ponte de Sor.
Será que certos comentários políticos não tem outro objectivo que não directamente o que foi dito e que aparenta o que é obvio? :S Isto é:
ResponderEliminarSerá que convidar ou dar ideia que certos jovens devem emigrar não vai resolver directamente o interesse de baixar os números do desemprego e fundos disponibilizados em respectivos subsídios, e que os mais qualificados são os mais dispendiosos? E que muito possivelmente vão transferir parte substancial dos salários para Portugal? Se no verão a banca ataca os emigrantes com campanhas para captar dinheiro por alguma razão é....
Já pensei, sobre a hipotese de facto o PM estar a convidar os estrangeiros ilegais e legais a voltarem para as suas casitas lá bem longe, com uma frase de : os nossos jovens devem ver a hipotese de emigrar. É que faz sentido para um estrangeiro pensar em dar á sola assim!! Os media feitos com o sistema dão o titulo e tapam-nos os olhos....
Já assisti a um excelente negócio derivado de comentário e de uma alteração que salvou a economia, sem que ninguém falasse dela ou desse o devido valor: tchananananaaaaaaaa, vou revelar o passo que evitou a falência da banca.... Jornal das 20.... Governo vai baixar as taxas dos certificados de aforro....
Ok, foi mesmo só isso. Estavam á espera de melhor? o ovo de colombo, nunca foi a solução dentro das possíveis.
Na semana em que o mercado interbancário fecha o zé povinho levanta os certificados e deposita todo no bcp do vara, na cgd do bpn, no bpi de angola, no montepio mutualista , no bes salgado.
Tão óbvio, Colombo mete o ovo no..... já foste.
Aqui em Portugal , funciona tudo ao contrário. Esta comunicação social é uma revista cor de rosa. Vende um titulo , le-se a noticia, e que de preferencia seja reactiva e zás caem todos.
No dia a seguir , pensam, se calhar não era isto ...