Hoje numa conversa veio à baila a figura do "Remexido". Para quem não sabe José Joaquim de Sousa Reis, de alcunha "O Remexido", foi um perigoso guerrilheiro algarvio que após a capitulação das forças absolutistas, meteu o Algarve e o Alentejo a "ferro e fogo", derrotando sucessivamente as forças liberais até ao dia em que foi capturado e, posteriormente, fuzilado. A sua história é longa tendo suscitado diversos capítulos e monografias da historiografia portuguesa. Não é esta a história que vou hoje contar, mas sim um dos motivos que levaram este lavrador abastado a revoltar-se contra os poder Liberal instituído em 1834.
Um dos principais motivos foi a "justiça dos vencedores", isto é, o total desrespeito com que, no Algarve, os Liberais violaram a amnistia acordada na Convenção de Évora-Monte. Um dos casos mais célebres foi do Tavirense Tomás Cabreira, governador militar do Algarve durante o reinado de D. Miguel. Capturado e preso em Faro, Cabreira foi assinado por um grupo de Liberais que se infiltraram na cadeia, naturalmente contando com a conivência das autoridades.
Ora a consequência foi a continuação do estado de Guerra Civil no Algarve quase até 1840, quando a paz tinha sido assinada 6 anos antes. Como a história de conflitos bélicos é muitas vezes escrita pelos vencedores quando, na grande maioria das vezes, não há inocentes, achei que devia fazer esta breve referência.
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