No início do ano a CP decidiu encerrar a Linha do Leste devido à sua falta de utilização, o que se traduzia em custos incomportáveis para a empresa. Embora seja discutível o encerramento de uma linha que serve uma região com poucas alternativas de mobilidade, na realidade, nas poucas viagens que fiz entre Ponte de Sor e Abrantes, nunca vi mais de dezena e meia de passageiros na única composição que percorria a distância entre as duas cidades, num total de mais de 30 km.
Já em Lisboa, a Linha do Oriente do Metropolitano, mais conhecida por Linha Vermelha, tem cerca de 8 Km. As composições que à hora de ponta fazem este percurso possuem 6 carruagens. Eu todos os dias faço, por duas ocasiões, a viagem Olivais-Saldanha ou Olivais-S. Sebastião, consoante os meus deveres profissionais o exigem. Todos os dias as composições vão praticamente cheias e, por vezes, como ocorreu hoje de manhã, vão sobre-lotadas. As carruagens (ML99) têm uma capacidade para 185 passageiros. Ou seja, hoje comigo seguiam cerca de 1100 passageiros.
Ora, se no primeiro caso é fácil compreender o avultado prejuízo que a prestação de um serviço de transporte público acarretava para a CP, ficando, por isso, a discussão do seu encerramento ligado apenas a questão de ordem política - valerá a pena ou não manter um serviço altamente deficitário para servir as regiões mais pobres e despovoadas? -, já no segundo custa-me imenso compreender os enormes prejuízos do Metro de Lisboa, isto é, se o Metro se encontra na falência não será certamente por falta de procura.
Num momento em que a gestão de empresas públicas se encontra debaixo de fogo, é fácil apontar o dedo aos administradores do Metro. Não sei será esse o problema, pois não possuo informações suficientes para o saber, porém, perante estes números, a ideia é bastante sedutora.
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