Quanto tiver uma oportunidade gostava de explicar ao Ministro Álvaro Santos Pereira que apostar, mais uma vez, em estágios para combater o desemprego jovem, não é mais que tentar esconder o sol com a peneira. Eu fui estagiário na Administração Pública durante um ano e, como eu, tenho imensos amigos que também já o foram, quer no sector público, quer no sector privado. Invariavelmente o estágio traduz-se no aproveitamento de trabalho qualificado a baixo custo - a remuneração é mais baixa -, onde o estagiário não dispõe dos mesmos direitos dos demais trabalhadores - segurança social, auxílio em situação de doença, baixa médica - e, no final, o estagiário acaba desempregado sem qualquer apoio ficando numa situação financeira extremamente difícil.
Foi assim nos casos que conheço e não vejo motivo porque agora será diferente. O governo adianta que dará um "incentivo" caso o estagiário seja contratado, porém, embora desconheça o conteúdo deste incentivo, duvido que este trará quaisquer consequências práticas. Na realidade existem empresas, públicas e privadas, que fazem dos estagiários e de outros planos semelhantes - como o odioso POC -, parte importante da sua força de trabalho, pois recorrem a estes esquemas sucessivamente, acabando por nunca contratar ninguém.
Na realidade todos perdem - a economia, os estagiários e respectivas famílias e, no limite, Portugal - pois os únicos beneficiados são as empresas que recorrem a este esquema e o governo que pode apresentar estatísticas de desemprego mais amigáveis, já que os estagiários não são considerados desempregados, embora também não sejam trabalhadores. Estão, como os bolseiros de investigação científica, num limbo muito difícil de definir.
Enfim, com soluções iguais só poderemos ter resultados iguais, será que é preciso um génio para compreendê-lo?
P.S. - Se alguém se interessar por esta questão na caixa de comentários posso descrever detalhadamente um esquema destes que conheci de perto.
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