Eu tenho tudo para apoiar activamente o movimento Precários
Inflexíveis, ou quaisquer outros que, numa lógica semelhante, têm surgido um
pouco pela sociedade portuguesa. Fui operador de call-center, fui bolseiro, fui
estagiário e sou bolseiro. Ou seja, sou o retrato perfeito de alguém cuja vida
laboral se pauta pela ausência de direitos em relação aos demais trabalhadores.
Para o exemplificar basta referir que nos 6 meses em que tive desempregado, sem
direito a qualquer subsídio, praticamente esgotei os meus recursos financeiros. Isto, porque ao contrário da maioria dos meus amigos, cometi o crime de constituir uma família e, vejam lá, de me reproduzir!
Assim, eu seria o
candidato ideal a apoiar as acções deste movimentos e, provavelmente, de me
juntar activamente na sua luta. No entanto, se na realidade eu me identifico
com o principal motivo da constituição destes movimentos - a precariedade
laboral que atinge principalmente os mais jovens e, ao mesmo tempo, contrasta
com a rigidez que favorece os mais velhos -, um conjunto de posições
secundárias têm feito com que me afaste deles.
Concretamente
posições sobre o aborto, feminismos exacerbados, entre outros. Tratando-se de temas
que claramente fazem parte da agenda política dos partidos de esquerda radical,
são estes últimos que na realidade controlam estes movimentos.
Como não sou partidário e, inclusivamente, tenho alguma repulsa pela
“partidocracia” em que vivemos, não me sinto confortável em colaborar com os
Precários Inflexíveis ou outros quaisquer movimentos do mesmo género. Mas é com pena que o
digo, pois acho que parte do trabalho que têm feito é louvável, além de extremamente necessário, pois agora mais do que nunca é imperativo lutar pela nossa própria sobrevivência! Sim, porque é mesmo disso que se trata, pelo menos no meu caso, de sobrevivência!