Pela primeira vez na minha vida proferi uma comunicação num encontro de Ciências da Informação. Como já apresentei comunicações em três encontros no âmbito da História, posso agora fazer uma breve comparação.
Notei claramente, sobretudo por parte do público português - o encontro realizou-se em Badajoz -, uma tremenda vontade em participar na discussão, o que se traduziu no alargar do tempo de cada painel e mais houvesse! Nos encontros de História a que costumo ir o público também se mostra interessado, porém, nunca de forma tão intensa.
A audiência situou-se entre as 60 e as 70 pessoas, divididas essencialmente em três nacionalidades: portugueses, espanhóis e brasileiros. O número total não é muito elevado mas trataram-se de sessões únicas, enquanto nos encontros a que tenho ido costuma-se optar por sessões simultâneas. Por um lado, neste modelo não existe uma dispersão do público o que, por vezes, leva no caso de sessões simultâneas a painéis com 3 ou 4 pessoas na assistência, castrando-se assim o debate científico. Por outro, o encontro inevitavelmente teve menos comunicantes e, provavelmente, atraiu menos público na sua totalidade. Falando apenas na minha experiência é sempre mais agradável falar para várias dezenas de pessoas do que para 3 ou 4,ou seja, gostei mais deste formato.
Uma outra constatação, esta bem mais infeliz, é que a faixa etária quer dos comunicantes, quer da assistência, era significativamente mais elevada que nos encontros de História. Não que os encontros de História sejam pautados por uma extrema adesão dos jovens, no entanto, sempre vão surgindo alguns trabalhos de jovens investigadores e, sobretudo, raramente sou o único abaixo dos 30/35, o que parece ter sido o caso de hoje.
Tudo isto leva-me a concluir o seguinte: Infelizmente as Ciências da Informação ainda são pouco valorizadas no meio académico nacional e na sociedade em geral - embora neste aspecto não me pareça que qualquer outra ciência social o seja. A consequência é a escassez crónica deste tipo de eventos em Ciências da Informação a nível nacional, não obstante o reparo que fez a Doutora Fernanda Ribeiro a este meu comentário, bem como de publicações de carácter monográfico e periódico e, por último, de projectos de investigação. Este último ponto é essencial para a ausência de jovens investigadores aliado à fase ainda inicial da disseminação de doutoramentos nesta área em Portugal, com a excepção da Universidade do Porto.
Foi após a colaboração com um projecto de História Económica que adquiri os conhecimentos suficientes para poder investigar, algo que a formação académica ao nível da licenciatura não me deu.
Sobram os mestrados, que aliás foi o meu caso, contudo, no meu ano a grande maioria dos alunos já trabalhavam na área sem a devida formação e preocuparam-se em adquiri-la. Assim, a idade média dos alundos do Mestrado em Ciências da Informação da FCSH/UNL, ano de 2009, devia rondar algo entre os 35 e os 45 anos.
Resta-me agradecer à organização ter-me proporcionado esta experiência bastante gratificante até porque o meu tema suscitou ampla discussão e aguardar por dias mais activos para as Ciências da Informação.
Sinceramente muito obrigado!
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