terça-feira, 6 de novembro de 2012

Litoralização da Península Ibérica

Nas últimas décadas começou-se a discutir a desertificação do interior português, tendo-se apostado, com pouco sucesso, em planos mais ou menos excêntricos para a fixação de populações no interior. Claro que o principal motivo para a quebra relativa (e desde há 40 anos absoluta) da população do interior é a ausência de uma economia que crie emprego. 

No entanto, parece que este processo tem raízes históricas muito mais recuadas, tendo apenas intensificado-se nos últimos vinte anos. Estou "obrigado" (e diga-se bem obrigado) a ler quatro artigos que tratam esta temática, dois deles com um âmbito nacional e os outros dois com um âmbito ibérico. Ainda só dei uma primeira vista de olhos a três, mas parece que as conclusões são semelhantes: tratou-se de um processo ibérico para o qual o desenvolvimento dos transportes contribuiu bastante, o que não deixa de ser irónico quando em Portugal se apostou na construção de auto-estradas como eixos de desenvolvimento económico das regiões mais desertificadas. Claro que o problema é bastante mais complexo pelo que agora deixo apenas estes números na esperança de em Dezembro publicar aqui parte das minhas conclusões.

Percentagem do PIB regional no PIB português
Distrito 1890 1910 1930 1950 1970 1991 2008
Faro 3,5% 3,7% 3,5% 3,0% 2,1% 3,7% 4,3%
Lisboa 16,6% 19,40% 23,3% 27,7% 35,0% 34,10% 33,7%
Portalegre 2,3% 2,20% 2,2% 2,6% 1,3% 1,0% 1,0%



P.S. - Selecionei apenas os distritos com os quais tenho alguma ligação. O restante conteúdo da tabela com todo o território nacional e com mais observações pode ser encontrado aqui: 

Tirado, Daniel, e Marc Badia-Miró. 2012. Economic integration and regional inequality in Iberia (1900-2000) : a geographical approach. Working Papers in Economic History. Universidad Carlos III, Departamento de Historia Económica e Instituciones.

2 comentários:

  1. tchi algarve só com 4,3_ª% só em campos de golfe da sonae e hotelaria....

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  2. Manel,

    Agora tens que comparar o peso do PIB de cada região com o peso da população de cada região e com a média nacional. Se fizeres isso vais reparar que os 4,3% do Algarve são precisamente os 4,3% da população portuguesa a que eles correspondem, ou seja, estão mesmo na média do PIB per capita português. Já por exemplo Lisboa tem 34% do PIB português e "apenas" 22% da população o que significa que têm um PIB per capita superior à média portuguesa.

    Por último, Portalegre tem 1% do PIB e 1,1% da população, portanto tem um PIB per capita ligeiramente inferior à média nacional.

    Os números têm que ser analisados sempre em termos relativos e essa tabela está bastante incompleta porque não tive paciência para a passar toda, mas podes encontrá-la nesse artigo que aliás está disponível on-line.

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