Nas últimas décadas começou-se a discutir a desertificação do interior português, tendo-se apostado, com pouco sucesso, em planos mais ou menos excêntricos para a fixação de populações no interior. Claro que o principal motivo para a quebra relativa (e desde há 40 anos absoluta) da população do interior é a ausência de uma economia que crie emprego.
No entanto, parece que este processo tem raízes históricas muito mais recuadas, tendo apenas intensificado-se nos últimos vinte anos. Estou "obrigado" (e diga-se bem obrigado) a ler quatro artigos que tratam esta temática, dois deles com um âmbito nacional e os outros dois com um âmbito ibérico. Ainda só dei uma primeira vista de olhos a três, mas parece que as conclusões são semelhantes: tratou-se de um processo ibérico para o qual o desenvolvimento dos transportes contribuiu bastante, o que não deixa de ser irónico quando em Portugal se apostou na construção de auto-estradas como eixos de desenvolvimento económico das regiões mais desertificadas. Claro que o problema é bastante mais complexo pelo que agora deixo apenas estes números na esperança de em Dezembro publicar aqui parte das minhas conclusões.
Percentagem do PIB regional no PIB português | |||||||
Distrito | 1890 | 1910 | 1930 | 1950 | 1970 | 1991 | 2008 |
Faro | 3,5% | 3,7% | 3,5% | 3,0% | 2,1% | 3,7% | 4,3% |
Lisboa | 16,6% | 19,40% | 23,3% | 27,7% | 35,0% | 34,10% | 33,7% |
Portalegre | 2,3% | 2,20% | 2,2% | 2,6% | 1,3% | 1,0% | 1,0% |
P.S. - Selecionei apenas os distritos com os quais tenho alguma ligação. O restante conteúdo da tabela com todo o território nacional e com mais observações pode ser encontrado aqui:
Tirado,
Daniel, e Marc Badia-Miró. 2012. Economic integration and regional inequality in Iberia
(1900-2000) : a geographical approach. Working Papers in Economic History. Universidad Carlos III, Departamento
de Historia Económica e Instituciones.
tchi algarve só com 4,3_ª% só em campos de golfe da sonae e hotelaria....
ResponderEliminarManel,
ResponderEliminarAgora tens que comparar o peso do PIB de cada região com o peso da população de cada região e com a média nacional. Se fizeres isso vais reparar que os 4,3% do Algarve são precisamente os 4,3% da população portuguesa a que eles correspondem, ou seja, estão mesmo na média do PIB per capita português. Já por exemplo Lisboa tem 34% do PIB português e "apenas" 22% da população o que significa que têm um PIB per capita superior à média portuguesa.
Por último, Portalegre tem 1% do PIB e 1,1% da população, portanto tem um PIB per capita ligeiramente inferior à média nacional.
Os números têm que ser analisados sempre em termos relativos e essa tabela está bastante incompleta porque não tive paciência para a passar toda, mas podes encontrá-la nesse artigo que aliás está disponível on-line.