Como já aqui fiz notar várias vezes um dos aspectos que quero abordar na minha tese é a identificação das principais características da exploração florestal da cortiça,
tendo como base os contratos de arrendamento de cortiça que se celebraram
intensamente no Alentejo. Concretamente pretendo analisar a duração dos contratos, compreendendo
se estes de adaptaram à natureza do ciclo produtivo; determinar quais as zonas
industriais que, ao longo do período considerado, foram sendo abastecidas pela
cortiça alentejana; e, por último, determinar se as
grandes indústrias corticeiras conseguiram
implementar uma estratégia operacional que passaria pela integração vertical,
adquirindo cortiça junto do produtor como, por exemplo, parece ser o caso de
George Robinson (FONSECA, 1996, p. 69) ou se, por outro lado, convergiam sobre
a exploração da cortiça diferentes interesses antagónicos – de produtores,
comerciantes e industriais -, perante a ausência de integração vertical, como
foi assinalado para o século XX, em Portugal (BRANCO, 2005, p. 165-166).
No entanto, há um grande problema de natureza prática que é tão simples como isto: é impossível eu analisar todos os fundos dos Cartórios Notariais para cada concelho da Região Histórica do Alentejo entre 1850 e 1914! Assim, tenho que fazer uma selecção cujos critérios ainda não defini. Uma das hipóteses que estou a ponderar é escolher, entre os concelhos alentejanos, aqueles com maior produção de cortiça, pois seriam os mais representativos. Infelizmente o ano mais recuado para o qual encontrei dados com a produção de cortiça concelhia é 1941. Ainda assim, creio ser um bom indicador visto que as condições ecológicas e climáticas para a disseminação do sobreiro não se alteraram significativamente até há bem pouco tempo e, por outro lado, como para obter cortiça Amadia são necessários, pelo menos, 40 anos, se subtrair esses 40 anos estarei já dentro do meu período cronológico. Aguardo críticas a esta escolha de método e entretanto publico aqui os resultados que coligi agora mesmo.
Produção de Cortiça em 1941 | ||||
Nº | Concelho | Distrito | Região Histórica | Produção (t) |
1 | Montemor-o-Novo | Évora | Alentejo | 22538 |
2 | Santiago do Cacém | Setúbal | Alentejo | 21938 |
3 | Coruche | Santarém | Ribatejo | 21252 |
4 | Odemira | Beja | Alentejo | 13850 |
5 | Ponte de Sor | Portalegre | Alentejo | 11711 |
6 | Mora | Évora | Alentejo | 10150 |
7 | Grândola | Setúbal | Alentejo | 9629 |
8 | Avis | Portalegre | Alentejo | 8337 |
9 | Alcácer do Sal | Setúbal | Alentejo | 8104 |
10 | Chamusca | Santarém | Ribatejo | 8080 |
Fonte:
Estatística Agrícola 1946. Lisboa, INE: 1947 |
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