quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

O ódio irracional contra os ricos


Caros leitores hoje tinha planeado avaliar o sector cultural do concelho de Ponte de Sor. Contudo, tenho que fazer uma pequena pausa para dar a minha opinião sobre a deslocalização da Jerónimo Martins para a Holanda.

O Estado português pessimamente gerido aumentou, somente no século XXI, a carga fiscal em cerca de 37%! Ou seja, em média um contribuinte que no ano 2000 pagava 1000 euros anuais de impostos, hoje paga, produzindo o mesmo, 1370 euros. 

Perante esta situação a oposição toda critica a excessiva carga fiscal, considerando-a como um factor de perda de competitividade da economia portuguesa, têm razão. Porém, os que conseguem chegar aos lugares executivos das primeiras medidas que tomam é precisamente o aumento dos impostos. Foi assim com Pedro Passos Coelho, foi assim com José Pinto de Sousa, foi assim com Durão Barroso e foi assim com Guterres. 

Portanto, na minha opinião, acho que esta deslocalização só peca por tardia, até porque Soares dos Santos vinha pedindo há vários anos para não aumentarem mais os impostos sob o risco de acontecer isto mesmo. 

Isto é a explicação lógica de uma acção legal que foi tomada. Agora vejamos o ponto de vista moral que parece ter ofendido alguns super-portugueses patriotas que não discutem a Nação. 

De facto é prejudicial para portugal e, por extensão, para os portugueses esta deslocalização mesmo que a maioria dos impostos do grupo JM continue a ser paga em Portugal. Admito então a vossa indignação caso sejam coerentes com esta postura ultra-patriótica.

Assim, pessoas que abastecem os seus veículos em bombas de gasolina espanholas junto à fronteira portuguesa fugindo, desta forma, aos impostos nacionais; que compactuam com fuga aos impostos não pedindo a respectiva factura sempre que levam o seu animal ao veterinário ou contratam um pedreiro para uma obra em suas casas; os próprios profissionais liberais que não passam o respectivo recibo; aqueles que estão sempre à espera de uma cunha, para si ou para os seus, do Presidente da Câmara ou do Assessor do Ministro, mas que ficam indignados quando esta vai para o vizinho do lado; portugueses que passam a vida enfiados na loja do chinês contribuindo para um negócio que, por um lado, está isento de impostos e, por outro, é competitivo devido ao recurso a trabalho escravo, lamento mas têm que estar CALADOS!

Num país em que a economia paralela é cerca de 20% do PIB, e em que quando descobrimos que alguém foge aos impostos em vez de o denunciarmos perguntamos como é que se faz, é preciso ter muita LATA para se criticar o empresário Soares dos Santos.

Na realidade o que vocês têm é um ódio irracional aos ricos semelhante tendo, por isso, uma postura muito semelhante à do Bloco de Esquerda. No lugar dele fariam exactamente o mesmo (eu já o tinha feito há mais tempo). Meus amigos, algumas das coisas que descrevi são ilegais, o que ele fez não!

Quem nunca cometeu nenhum dos "pecados" que descri que lance à vontade a primeira pedra, os outros por favor calem-se que falsos moralismos só vos fica mal.

A Bem da Nação!

11 comentários:

  1. pessoas como você, caro "comentadeiro" dão pena.

    justiça social e moralidade para si, são portanto, inveja e ódio?

    trate-se.

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  2. Certamente que justiça social não é criticar os outros quando são ricos e, às escondidas, fazermos que criticamos porque somos "pobres" (todos os portugueses acham que são pobres mesmo os que não são).

    Se me falar da política salarial e da redistribuição de lucros a conversa aí é outra e não serei tão favorável ao grupo em questão, mas nesta lamento mas fizeram muito bem.

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  3. Ai sim? Quem denuncia quem foge aos impostos ou comete outro crime é que acaba fod***. Acredite que eu sei. Parece que para muitas pessoas o ser "bufo" como dizem é pior que quase matar por negligência!

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  4. Não compreendo a sua argumentação, tem que escrever de forma mais clara e já agora identificar-se só lhe ficaria bem.

    A única coisa que compreendo é que alega que quem denuncia uma fuga aos impostos acaba prejudicado. Talvez tenha razão, mas isso não significa que você faça o mesmo e depois critique os grandes por atitudes semelhantes (não são iguais porque eles não cometeram nenhuma ilegalidade).

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  5. Se calhar confundiu-me a mim (2º anónimo) com o primeiro anónimo. Identificar-me não serve de nada pois de certeza não me conhece além disso onde está VOCÊ identificado? Não argumentei nada só lancei um desabafo... e não "faço o mesmo" mas critico sim os "grandes" tal como os "pequenos" quando cometem qualquer crime/ilegalidade. Não vou às lojas dos chineses e tento comprar tudo nacional. A mim o que me irrita é a hipocrisia do indivíduo em questão. Também me irritam as cunhas e favores que essas sim são a maior corrupção do nosso país. As pessoas simplesmente não percebem, principalmente para cargos públicos que isso é corrupção. Têm de se escolher os mais competentes e não os amigos. É por isso que há muito incompetente em várias áreas no nosso país. (Agora até para ser empregado de limpeza há cunhas, eheh) Mas é preciso cuidado por exemplo a denunciar um médico por quase matar um familiar por negligência ao dar uma injecção e esquecer-se de dar outra que tira os efeitos secundários da primeira e ainda com descaramento dizer que teve sorte por ter ido para o hospital a tempo quando começou com os efeitos secundários!

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  6. Rc,

    Tem razão confundi-o mesmo e, por isso, peço desculpa. Eu estou identificado basta clicar em "acerca de mim" ali ao lado.

    Bom em relação ao que diz tem toda a razão e caso tenha essa postura recta que afirma, é dos poucos que tem o moral para criticar Soares dos Santos.

    " Também me irritam as cunhas e favores que essas sim são a maior corrupção do nosso país." Sem dúvida somos dois e por isso é que o referi. Um dia destes farei um post só sobre isso, conheço casos reais dignos de um país do 3º Mundo (se calhar é mesmo o que somos).

    Quanto a denunciar a incompetência eu costumo fazê-lo independentemente das guerras que compro com isso. Aliás se pesquisar neste blog pode ler a carta que enviei para o Tribunal de Abrantes no passado dia 20 de Dezembro.

    Obrigado por comentar e esclarecer a dúvida.

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  7. Olá CF. Epá, não sei o que é que hei-de pensar desse "A Bem da Nação". Sabe o que representa, certo? É que se não souber, vá, ainda lhe concedo uns minutinhos. Se o disse por convicção, enfim, parto para a refrega sabendo, à partida, que vou chover no molhado.

    Queria só falar-lhe do Soares dos Santos. Não tenho nada contra o que a holding fez. É legal, obviamente, é perfeitamente aceitável numa estratégia de diversificação e "protecção" fiscal.

    O que me irrita - e é esse, julgo, o cerne da questão - é a absoluta desfaçatez com que, até há bem pouco tempo, o mesmo senhor perorava sobre nacionalismo, sobre o que é que deviamos fazer pelo país, sobre quem era indicado para o governar.

    O problema, caro, é que quem não quer ser lobo, não lhe veste a pele. E quando temos um tipo como este - nem vou entrar nas minudencias da gestão de RH - a falar sobre política, a ter tempo de antena (e a financiar uma Fundação com uma agenda) que, por mais um punhado de euros, abandona o país.

    Se outros o fizeram? Infelizmente. Mas também não os ouviu a tecer considerações sobre o que é que nós portugueses deviamos fazer por Portugal. Ou não os viu a fazer campanhas sobre "produtos nacionais" (ainda para mais quando se é um dos maiores importadores do país e PRINCIPALMENTE um dos que em muito contribuiu para esventrar a produção agrícola e alimentícia em Portugal, praticando autentico bullying sobre produtores, cooperativas,etc.)

    Já há muito que não lhe comprava nada. Se o CF decide fazê-lo, epá, está no seu direito. Mas que venha confundir decência e rectidão com "ódio aos ricos", meu amigo, isso é, no mínimo, ridículo.

    Olhe eu tenho - felizmente, mas graças também, em grande medida, ao meu esforço - um rendimento bastante superior ao da maioria da população. Não sou rico, mas tenho vergonha na cara para, pelo menos, não dar lições de moral a quem, não raras vezes, tem de viver com muito pouco.

    O problema desta gente é que lhes falta sempre um tostão para chegar ao milhão. Veja os grandes filantropos americanos e compare-os com os pobres ricos portugueses.

    Cumprimentos,

    Gonçalo

    (epá, e vá-se lixar com o A Bem da Nação, por amor de Deus)

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    1. Gonçalo,

      O "A Bem da Nação" é, naturalmente, uma provocação aos alegados "patriotas" que ficaram ofendidos com a deslocalização de Soares dos Santos. Se vir o meu perfil perceberá que sei perfeitamente quem é que utilizava esta expressão.

      Vamos lá por partes. As questões de RH (como a política salarial que concordo que é criticável) não vêm ao caso, isso é outra discussão, portanto, vamos deixá-las de lado.

      "Ou não os viu a fazer campanhas sobre "produtos nacionais" --> Certamente estará esquecido da feira que o Belmiro montou na Av. da Liberdade com produtos portugueses. Meu caro, todos os grandes empresários utilizam a retórica do seu alegado patriotismo quando, na realidade, não passa de uma estratégia comercial. Reprovável sem dúvida, mas é mesmo assim.

      Soares dos Santos há mais de três anos que anda a alertar para os sucessivos aumentos de impostos, o que ele fez só peca por tarde.

      O que o Gonçalo talvez não tenha compreendido, é que a minha principal crítica vai para com os patriotas que ficaram muito ofendidos, e depois são os primeiros a fugir aos impostos das mais variadas forma que aqui descrevi. Estes, na sua generalidade, acham que Soares dos Santos deve pagar impostos em Portugal porque é rico e eles não.

      Para finalizar não julgue que este discurso é de um privilegiado até ao mês passado estava desempregado, após 3 anos entre bolsas de investigação e um estágio profissional.

      Um abraço e obrigado por comentar. Opiniões diferentes e reacções como a sua é que me motivam para aqui escrever.

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  8. CF, já aqui tinha vindo há uns tempos - e foi mais por manifesta impossibilidade que não havia voltado entretanto - e havia então constatado que parece privilegiar aqui um espaço de discussão honesta e afável, pelo qual lhe agradeço (e por isso a minha reacção... anafilática... ao "a bem da nação").

    Confesso que chego aqui, mais uma vez, a partir do Arrastão e que o nível de discussão a que se desce nos blogues "mainstream" chega a ser frustrante. E desanimador. Não sei, é o ar dos tempos, suponho.

    Portanto, e voltando à vaca fria... a comparação com o Belmiro também não granjeia grande força ao argumento. O modus operandi é, em praticamente tudo, igual ao do Soares dos Santos, podendo ser, por vezes, até bem mais ínvio, por escondido por trás de outros poderes mais "mediáticos".

    De resto: farinha do mesmo saco.

    O problema aqui, parece-me, está mais no plano da moralidade do que outra coisa qualquer. Relembro-o que o Soares dos Santos ainda há pouco tempo, numa entrevista em que, aparentemente, glosava o Kennedy (presunção e água benta...) disse que - grosso modo - "temos de olhar para trás perguntar "o que é que posso fazer pelo meu país" e isso não está a ser feito"

    Ora, parece-me que um tipo que diz uma coisa destas e depois faz o que fez, porque quer poupar uns tostões no futuro, não me merece mais consideração que um vulgar merceeiro (sem desprimor). Não se esqueça, CF, que esta é a mesma gente com, com a mesma cara de pau, não hesita em pedir sacrifícios e poupanças aos portugueses.

    Sacrifícios para nós, que trabalhamos.

    Faz mal - e sim, a conversa levar-nos-ia longe - em não abordar a ética de gestão de RH na Jerónimo Martins. É bem sabido que (infelizmente) não faz mais do que a generalidade das empresas em Portugal, mas é a observar o que fazemos em casa que percebemos o que se prescreve para fora de portas.

    É que é muito fácil arrotarmos as nossas postas de pescada, a pedir patriotismo aos outros. O pior é quando no-lo pedem a nós. E a partir do momento em que nos expomos (para ganhar algo com isso) não podemos se não aguentar as consequências futuras dos nossos actos. O Soares dos Santos quis meter a colher na seara alheia... e, enfim, é muito velho o adágio dos pés de barro ;)

    Acredito, CF, isto que gente desta defende é tudo menos patriotismo. E acho muito bem que seja o mercado a "corrigir" estes desvarios de gente que se julga superior a todos.

    Uma abraço (e parabéns pelas boas notícias)

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    1. Gonçalo,

      Até poderia abordar a questão de RH na Jerónimo Martins, no entanto, desconheço demasiado a realidade da empresa para poder ter uma opinião sobre esta. Sei, por exemplo, que não pagam, como deveriam, horas extraordinárias. Isto para além dos baixos salários que praticam, embora funcionários da SONAE (Modelo de Ponte de Sor) reclamem que os seus congéneres da JM são melhor remunerados (Pingo Doce da mesma cidade). Contudo, como diz, isto é o espelho da Nação, a aposta em salários baixos e no trabalho desqualificado embora cada vez mais realizado por trabalhadores qualificados.

      Soares dos Santos nunca me mereceu mais consideração que qualquer merceeiro ou que qualquer outro ser humano. Apenas defendi aqui que quem o critica não tem legitimidade para o fazer, na maioria dos casos. Por exemplo, eu sempre que posso abasteço em Aiamonte, com que direito poderei criticá-lo mesmo que ele se tenha comparado ao Kennedy em termos de patriotismo?

      Claro que Belmiro, SS, entre outros são farinha do mesmo saco. Não são também muito diferentes das duas centenas que temos em São Bento, mudam o discurso conforme lhes convém, tal como a oposição muda o discurso totalmente quando passa a governo. Isto leva-me a pensar mal da humanidade, amanhã publico um texto de Adam Smith, escrito no Wealth of Nations, que espelha bem o carácter humano.

      Agradeço imenso as suas participações e confesso que sou um "infiltrado" no arrastão, estou muito mas muito longe do Bloco de Esquerda, porém, para mal dos meus pecados gosto de ler o Daniel&Ca. e, inacreditavelmente, concordo com eles mais vezes do que aquilo que suponha inicialmente, sobretudo em questões laborais.

      Um abraço

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    2. Epá, CF, são dois planos completamente distintos.

      Digo-lhe: abasteça SEMPRE em Ayamonte desde que não tente, por outro lado, obter proveitos económicos e políticos com discursos acerca da qualidade insofismável do gasóleo nacional.

      Isto é como um gajo dizer que é do benfica desde pequenino, votar no Vale e Azevedo e pagar as cotas ao Pinto da Costa.

      De resto, caramba, não pense mal da humanidade. Ouça Bach. Ouça Mozart. Se somos capazes daquilo, somos capazes de tudo ;)

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