sábado, 11 de janeiro de 2014

Comício, em Ponte de Sor, do Partido do Progresso, no dia 9 de Setembro de 1974

O meu amigo e colega Ricardo Marchi*, cujas investigações se têm centrado na «extrema-direita» portuguesa - denominação onde cabe quase de tudo, mas que, à falta de melhor, decidi utilizar -, chamou-me à atenção para uma manifestação do Partido do Progresso realizada no atual Largo 25 de Abril, em Ponte de Sor, no dia 7 de Setembro de 1974.

Este partido - que viria a ser extinto no final do mês de Setembro de 74 - era contrário à independência das colónias, numa lógica federalista muito próxima das ideias que Spínola vinha defendendo desde, pelo menos, o lançamento de Portugal e o Futuro, ainda antes do 25 de Abril.

Rotulado, portanto, de «reacionário» e «fascista», o Partido do Progresso foi sempre (ou quase sempre) mal recebido nas regiões onde o PCP tinha maior implantação. Ora, em Setembro de 1974, no auge da sua atividade política, o Partido do Progresso agendou uma sessão de esclarecimento na então vila de Ponte de Sor, reservando, para esse efeito, a Casa do Povo.

Segundo a sua própria publicação oficial, a comissão administrativa do concelho de Ponte de Sor -  ainda não se tinham realizado as primeiras eleições autárquicas -, dominada pelo PCP, proibiu o evento, chamando a GNR para que esta evitasse a sua realização. Não obstante o impedimento, os militantes e o público em geral acabou por assistir a um comício do referido partido diante do Tribunal de Ponte de Sor, no qual estiveram presentes cerca de 500 pessoas.

Ora, como é natural, uma regra fundamental de qualquer ciência social é o cruzamento de fontes. O relato que aqui faço é feito com base no periódico do próprio Partido do Progresso, pelo que gostaria de encontrar notícias e/ou testemunhos sobre este estranho episódio da história recente de Ponte de Sor.

Nesse sentido, irei, em breve, consultar o Ecos do Sor, mas se alguém puder, desde já, adiantar alguma informação, ficaria grato.

* Autor, entre outros títulos, do livro "Império, Nação, Revolução: as direitas radicais portuguesas no fim do Estado Novo (1959-1974).

P.S. - Disponibilizo uma digitalização da notícia a pedido através do e-mail: cmsaff@gmail.com

Sem comentários:

Enviar um comentário