Este é o título provisório de uma proposta provisória de um trabalho que elaborarei com o meu amigo Francisco Parejo Moruno, Professor de Economia da Universidad de Extremadura, em Badajoz. A contextualização e a problematização é a seguinte:
(Quadro da autoria do Rei D. Carlos do final do século XIX)
A exploração
industrial de cortiça iniciou-se em França, no final do século XVII, devido à
necessidade do fabrico de rolhas para a indústria vinícola local (PAREJO
MORUNO, 2010, p. 15). Contudo, devido à distribuição geográfica do montado de
sobro, a indústria corticeira expandiu-se, já em meados do século XVIII, até à
Catalunha, visto que a produção francesa rapidamente se revelou insuficiente
para satisfazer o aumento da procura de rolhas de cortiça (PAREJO MORUNO, 2010,
p. 15). No entanto, com a produção vinícola em crescimento exponencial durante
o século XIX (SIMPSON, 2011, p. 1-2), também a produção catalã não foi suficiente
para abastecer as necessidades da indústria corticeira. Assim, a procura por
matéria-prima estendeu-se às regiões com maior superfície de montando, ou seja,
o Sudoeste Espanhol (SERRANO VARGAS, 2009, p. 606-607) e Portugal (MARTINS,
2005, p. 246).
Com este trabalho procuraremos
identificar as principais características da exploração florestal da cortiça,
tendo como base os contratos de arrendamento de cortiça que se celebraram
intensamente nestas regiões, num esforço comparativo entre três regiões
distintas: Andaluzia, Extremadura e Alto Alentejo. Concretamente pretendemos
analisar a duração dos contratos, compreendendo se estes de adaptaram à
natureza do ciclo produtivo; determinar quais as zonas industriais que, ao
longo do período considerado, foram sendo abastecidas pela cortiça andaluza,
extremenha e alentejana; e, por último, determinar se as grandes indústrias
corticeiras conseguiram implementar uma estratégia operacional que
passaria pela integração vertical, adquirindo cortiça junto do produtor como,
por exemplo, parece ser o caso de George Robinson (FONSECA, 1996, p. 69) ou se,
por outro lado, convergiam sobre a exploração da cortiça diferentes interesses
antagónicos – de produtores, comerciantes e industriais -, perante a ausência
de integração vertical, como foi assinalado para o século XX, em Portugal
(BRANCO, 2005, p. 165-166).
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