terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

A vergonha de ser português




No passado sábado assisti na SIC Notícias a uma entrevista de Maria Filomena Mónica. Ora como a entrevistada é daquelas pessoas que aborda um variado leque de assuntos, tal como, por exemplo, Marcelo Rebelo de Sousa, Filomena Mónica deu-me 3 ou 4 assuntos que tratarei aqui.O de hoje é dos poucos em que concordo com ela.

A socióloga utiliza como metáfora para um determinado comportamento do povo português a figura do Zé Povinho, isto é, a figura do saloio que faz o manguito ao patrão, mas apenas nas suas costas, pois à sua frente curva-se perante o magnânimo senhor. Infelizmente, tal como Filomena Mónica o considera, trata-se de uma atitude absolutamente cobarde e desprezível, de uma subserviência básica e acrítica, que me dá voltas ao estômago.

Embora ainda não tenha 30 anos, já presenciei estas atitudes por diversas ocasiões, sobretudo nos meios mais pequenos onde, simultaneamente, tudo se sabe, o "patrão" tem mais poder e existem poucas alternativas para o "servo" se empregar.

Isto deve-se, na minha opinião, a conjunto de factores. Em primeiro lugar deve-se à falta, na sociedade portuguesa, de uma mentalidade verdadeiramente democrática, onde o "patrão" está verdadeiramente disposto a ouvir as críticas/sugestões do seu subordinado e, ao mesmo tempo, onde o subordinado não se preocupa em procurar a crítica construtiva, limitando-se a criticar só por criticar e a esquivar-se ao seu trabalho sempre que pode.

Em segundo lugar, a pobreza crónica do povo português é outro factor determinante, já que este sabe que não pode colocar em risco o seu sustento, pois arrisca-se a um mar de dificuldades para arranjar outro. Este ponto é cada vez mais importante, visto que o desemprego em Portugal é agora algo absolutamente comum e normal.

Por último, deve-se também a uma certa cobardia do ser humano*, que prefere viver uma vida inteira vergado do que arriscar expor a sua opinião perante a autoridade do seu superior hierárquico. É sempre mais fácil criticar nas costas e "vingar-se" com um mau desempenho profissional, sem que com isso se compreenda que se está a prejudicar a si próprio. Por outro lado, quem está em cima também não costuma estar disposto a ouvir desaforos, era o que mais faltava!

Maria Filomena Mónica disse que esta subserviência a fazia ter vergonha de ser português. Eu não vou tão longe, tenho desdém por esta forma de estar na vida, no entanto, isso por si só não me faz ter vergonha de ser português. Na realidade não tenho vergonha de ser português, mas também não tenho actualmente especial orgulho e vocês?

* Chamo cobardia do ser humano para não apelidá-la de cobardia portuguesa. Gosto de pensar que não são só os portugueses que actuam desta forma, todavia, na minha vida lidei de perto com poucos estrangeiros para ter qualquer opinião das suas atitudes.

5 comentários:

  1. Tenho 30 anos. Saí e entrei de imensos empregos desde os meus 20 anos. Já passei por super mercados, lojas de centro comercial, comercial de vendas, ajudante veterinária, e claro, exerci a minha licenciatura em 5 vezes. Os contratos sucedem-se de ano a ano e nunca fico efectiva porque não tenho o comportamento típico português. Não critico o patrão pelas costas, dou-lhe a minha opinião especializada cara a cara, apontando onde ele falha e porque está, dessa forma a prejudicar os seus trabalhadores e o seu produto. Eles não gostam, exactamente devido à tal mentalidade de patrão português. Não entendem muitas vezes nada sobre o assunto e por isso, contratam pessoal especializado na área, mas no final recusam ouvir a nossa critica construtiva. Estamos num ponto na sociedade portuguesa em que a work-force é especializada/formada e mais capaz que o próprio patrão, no entanto, não nos deixam evoluir nem melhorar as coisas. Não lhes convêm. Eu senti na pele muitas vezes o facto de ser pobre e licenciada, valho menos que o amigo rico que não quis estudar porque não lhe apeteceu, mas ocupa um cargo de maior destaque na empresa. Sim, eu estudei para conseguir uma melhor vida que os meus pais, no entanto quem tem raízes humildes raramente nos deixam crescer. Os ricos dão as ricos(mesmo aos ricos incompetente) e não aos pobres, outro ponto que tenho observado.
    Não gosto da raça portuguesa, tenho pena de ter nascido portuguesa e tenho um ódio de estimação pela aldeiazeca onde nasci, onde as pessoas não crescem para além do curto horizonte onde nasceram e onde a vida do vizinho é mais interessante que a sua. Não me considero anti-nacionalista, mas não me sinto bem entre o povo português, e quanto mais o conheço menos me sinto vinculada a esta nação.

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  2. Selma,

    De facto é verdade que as pessoas têm uma tremenda dificuldade em aceitar a crítica construtiva. Já passei pelo mesmo, porém, o meu feitio é assim e não há muito que possa fazer. Eu, quanto tinha 20 anos, sentia um profundo orgulho em ser português, orgulho que se tem vindo a desvanecer nos últimos 9 anos, muito devido às razões que aponta.

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  3. Peço desculpa por responder à Sra. Selma Pimentel.
    Não suporto o que apontou como defeitos, mas também não vejo com bons olhos o discurso do "coitadinho" e "desculpas" nas origens.
    Qual é a dificuldade? Se tem formação superior numa determinada área, identifica os erros e propõe alternativas, porque é que não constrói um caminho alternativo? Falta de iniciativa? Ou padece do mesmo mal da Engenharia portuguesa, comprando "tudo já feito" e "chave na mão"?

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  4. Caro anónimo,

    Quando se propõe um caminho alternativo frequentemente é se considerado uma ameaça pelo poder já estabelecido. O resultado é o seu progressivo afastamento da organização pelo corpo dirigente, é assim tão difícil de entender?

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  5. Esto já não vai com conversas so ha uma maneira e toda s as pessoas tem medo de meia duzia de pessoas sem competençias mas disfarçam bem joao tavares



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