Anteontem tive oportunidade de passar os olhos pelo Público, e embora não tenha feito nada mais do que realmente passar os olhos, li uma reportagem sobre o falhanço do projecto turístico do Alqueva. De forma automática, a minha mente estabeleceu a comparação com o caso de Montargil, uma Albufeira com mais de 50 anos e, tal como a sua congénere do Baixo Alentejo, tem prometido uma revolução turística que continua, em parte, por cumprir. Não que a albufeira não tenha atraído alguns investimentos turísticos, no entanto, creio que todos estão de acordo que estes foram reduzidos e, infelizmente, muitos têm vindo a falhar. Para piorar o cenário correm alguns rumores sobre o possível encerramento do CS Hotel do Lago, o maior e mais luxuoso dos diversos investimento turísticos feito nas margens desta barragem.
Espero sinceramente que o CS mantenha a sua actividade e, dessa forma, traga cada vez mais turistas a Montargil e ao Alto Alentejo. Contudo, queria tecer algumas considerações que, na minha opinião, prejudicam o turismo na zona de Montargil, no caso de empreendimentos de luxo como o CS Hotel do Lago ou do projecto falhado do Charcas Lagoon Resort.
Ao contrário do Presidente da Câmara, eu não compreendo porque é que alguém que está disposto a pagar mais de 120 euros por noite opte por Montargil, em detrimento de qualquer destino no estrangeiro ou, dentro do território nacional, na praia, na montanha e no campo. Eu não faria pelo simples facto que, para além de uma barragem e de uma paisagem agradável, na realidade Montargil e o restante concelho de Ponte de Sor, à primeira vista, pouco mais têm para oferecer. Não dispondo de património histórico visitável ou de qualquer outra actividade que seduza o visitante como, por exemplo, pode com facilidade encontrar-se no Sotavento Algarvio, no triângulo Évora-Elvas-Vila Viçosa ou nas aldeias históricas das Beiras.
Contudo, o Alto Alentejo é fértil em património histórico (Alter, Crato, Avis, Portalegre, Belver) e mesmo Ponte de Sor tem algum potencial por explorar como, por exemplo, os moinhos de água. Podem ainda surgir outras actividades de carácter lúdico e recreativo, das quais a empresa Azenhas de Seda são um raro exemplo. Só assim, na minha opinião, se pode fidelizar o público que tem possibilidade de escolher com facilidade outros destinos.
Em relação a um segmento com menores recursos económicos, creio que a barragem tem feito o seu papel, sendo visível o sucesso da Orbitur. É sempre mais fácil agradar quem não tem outras possibilidades de escolha e, consequentemente, quem desconhece outras realidades.
Pessoalmente espero, num futuro a médio prazo, contribuir para o estabelecimento da indústria turística no concelho de Ponte de Sor e já dei uma modesta contribuição. Em Junho de 2011, a Associação Nova Cultura e a Staurós, contando com o apoio da Câmara Municipal, lançou uma obra que descreve o património histórico religioso da freguesia de Montargil. Trata-se da obra "Montargil na Rota do Sagrado" e fui o autor da introdução histórica. Um dos objectivos era exactamente de divulgar entre os turistas este património. Para o conseguir é ainda necessário que o mesmo esteja visitável, pelo menos na época alta. Eu sei que a logística é muito difícil, mas recordo-me que Câmara Municipal de Tavira consegue ter, durante o Verão, cerca de 30 monumentos abertos ao público recorrendo a um programa de "Férias Activas" entre os estudantes do ensino secundário.
Fica aqui esta ideia e as minhas opiniões, agora espero as vossas.....