quinta-feira, 28 de junho de 2012

O negócio corticeiro no Alentejo: Produção florestal e Indústria (1834-1914)

Este é o título da minha investigação de doutoramento que esperançosamente será desenvolvida nos próximos três anos, no âmbito do Plano Inter Universitário de Doutoramento em História (PIUDH), cuja instituição de acolhimento será o Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS/UL). Como já fui aceite pelas referidas instituições, resta-me saber se tenho uma das duas condições essenciais para poder investigar: uma bolsa de doutoramento ou uma bolsa num projecto de investigação que me permita prosseguir com a minha investigação.

De qualquer forma este tema tem suscitado algum interesse, pelo que fui convidado a apresentá-lo no Seminário de História Económica e Social "Santiago Zapata Blanco" na Universidad de Extremadura, em Badajoz. Convite semelhante chegou a semana passada da Fundação Robinson, com sede em Portalegre, pelo que farei uma comunicação sobre este assunto no próximo sábado, dia 30 de Junho, pelas 10h30.

Deixo-vos aqui um resumo e o respectivo cartaz como forma de vos convidar a assistir.



Durante o século XIX, a produção agrícola nacional e, em particular, a alentejana, conheceu globalmente um crescimento que assentou, essencialmente, no aumento da área agrícola. Nesse período e, sobretudo, na segunda metade de Oitocentos, também o produto industrial português cresceu, seguindo a indústria alentejana o mesmo sentido. Neste contexto, as atividades corticeiras ganharam uma importância preponderante na economia portuguesa e, especialmente, na economia regional alentejana, quer do ponto de vista florestal, levando, por exemplo, a que a área de sobreiro duplicasse e passasse a constituir-se como o principal fator de cálculo das propriedades alentejanas, quer em termos industriais, já que a indústria corticeira se tornou na principal atividade secundária alentejana, representando, a nível nacional, cerca de metade das unidades industriais e do produto bruto industrial.
Assim, a cortiça assumiu-se como um dos principais produtos exportados pela economia portuguesa pois, nos primeiros anos do século XX, era o terceiro produto com maior peso nas exportações nacionais . Este movimento de especialização na exportação de produtos primários foi transversal a outras economias periféricas europeias como, por exemplo, a Dinamarca, a Hungria, a Suécia, a Espanha ou a Grécia. Em alguns casos, a exportação em grande escala de produtos primários, nos quais estes países possuíam uma vantagem natural, permitiu às respetivas economias alcançar o nível dos países mais desenvolvidos, devido ao efeito de arrastamento das exportações no conjunto de cada economia. Embora o mesmo não tenha sucedido com o setor corticeiro português, este foi-se impondo na economia nacional até que, em meados do século XX, correspondia a mais de 20% das exportações portuguesas.
Com tamanha importância na economia nacional, o setor corticeiro português conta com diversos estudos, porém centrados no seu período mais florescente, isto é, o século XX. No âmbito cronológico que nos propomos estudar, existe uma escassez de trabalhos científicos cujo objeto de estudo seja especificamente o negócio corticeiro português e, em particular, o caso alentejano.
      De forma a colmatar esta lacuna, o autor apresentou um projeto de doutoramento, entretanto aceite, no Plano Inter-Universitário de Doutoramento em História, que incide sobre o desenvolvimento do negócio corticeiro no Alentejo, durante o século XIX. Assim, esta comunicação divide-se em duas partes. A primeira, essencialmente de contextualização, procura demonstrar a pertinência do tema para o estudo da economia portuguesa e da economia alentejana de Novecentos. Já a segunda, apresenta os principais problemas por detrás da investigação que agora se vai iniciar, bem como a extrema importância dos dados levantados pela Fundação Robinson, no âmbito do projeto ARQROB, para o sucesso da mesma. 

Sem comentários:

Enviar um comentário