Este é o título da minha investigação de doutoramento que esperançosamente será desenvolvida nos próximos três anos, no âmbito do Plano Inter Universitário de Doutoramento em História (PIUDH), cuja instituição de acolhimento será o Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS/UL). Como já fui aceite pelas referidas instituições, resta-me saber se tenho uma das duas condições essenciais para poder investigar: uma bolsa de doutoramento ou uma bolsa num projecto de investigação que me permita prosseguir com a minha investigação.
De qualquer forma este tema tem suscitado algum interesse, pelo que fui convidado a apresentá-lo no Seminário de História Económica e Social "Santiago Zapata Blanco" na Universidad de Extremadura, em Badajoz. Convite semelhante chegou a semana passada da Fundação Robinson, com sede em Portalegre, pelo que farei uma comunicação sobre este assunto no próximo sábado, dia 30 de Junho, pelas 10h30.
Deixo-vos aqui um resumo e o respectivo cartaz como forma de vos convidar a assistir.
Durante o século XIX, a produção agrícola nacional e, em
particular, a alentejana, conheceu globalmente um crescimento que assentou,
essencialmente, no aumento da área agrícola. Nesse
período e, sobretudo, na segunda metade de Oitocentos, também o produto
industrial português cresceu, seguindo a indústria
alentejana o mesmo sentido. Neste contexto, as atividades corticeiras ganharam
uma importância preponderante na economia portuguesa e, especialmente, na
economia regional alentejana, quer do ponto de vista florestal, levando, por
exemplo, a que a área de sobreiro duplicasse e passasse a constituir-se como o
principal fator de cálculo das propriedades alentejanas, quer em termos industriais, já que a indústria corticeira se tornou na
principal atividade secundária alentejana, representando, a nível nacional,
cerca de metade das unidades industriais e do produto bruto industrial.
Assim, a cortiça assumiu-se como um dos principais produtos
exportados pela economia portuguesa pois, nos primeiros anos do século XX, era
o terceiro produto com maior peso nas exportações nacionais . Este movimento de especialização na exportação de produtos primários foi
transversal a outras economias periféricas europeias como, por exemplo, a
Dinamarca, a Hungria, a Suécia, a Espanha ou a Grécia. Em alguns casos, a exportação em grande escala de produtos primários, nos
quais estes países possuíam uma vantagem natural, permitiu às respetivas
economias alcançar o nível dos países mais desenvolvidos, devido ao efeito de
arrastamento das exportações no conjunto de cada economia.
Embora o mesmo não tenha sucedido com o setor corticeiro português, este foi-se
impondo na economia nacional até que, em meados do século XX, correspondia a
mais de 20% das exportações portuguesas.
Com tamanha importância na economia nacional, o setor
corticeiro português conta com diversos estudos, porém centrados no seu período
mais florescente, isto é, o século XX. No âmbito cronológico que nos propomos
estudar, existe uma escassez de trabalhos científicos cujo objeto de estudo
seja especificamente o negócio corticeiro português e, em particular, o caso
alentejano.
De forma a colmatar esta lacuna, o autor apresentou um
projeto de doutoramento, entretanto aceite, no Plano Inter-Universitário de
Doutoramento em História, que incide sobre o desenvolvimento do negócio
corticeiro no Alentejo, durante o século XIX. Assim, esta comunicação divide-se
em duas partes. A primeira, essencialmente de contextualização, procura
demonstrar a pertinência do tema para o estudo da economia portuguesa e da
economia alentejana de Novecentos. Já a segunda, apresenta os principais
problemas por detrás da investigação que agora se vai iniciar, bem como a
extrema importância dos dados levantados pela Fundação Robinson, no âmbito do
projeto ARQROB, para o sucesso da mesma.
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