quinta-feira, 3 de novembro de 2011

A importância do ensino da História

Parece que o ensino da História, enquanto disciplina autónoma, está ameaçado já que o actual Ministro, Nuno Crato, está com ideias de fundir esta disciplina com Geografia. Não sei quais serão os objectivos desta medida, embora facilmente se adivinhe mais uma "poupança" orçamental através da redução do número de docentes destas áreas.

Actualmente não faço a menor ideia de como a História é ensinada no ensino obrigatório. A última vez que frequentei a disciplina de História foi no ano lectivo de 1996/97, estava, portanto, no 9º ano de escolaridade, visto que no secundário optei pelo agrupamento científico-natural, regressando à História apenas em 2002/03, desta feita na FCSH/UNL.

Assim, é-me difícil avaliar se o modelo de ensino actual da História faz muito ou pouco sentido. O que sei é que faz sentido e, caso seja ensinado correctamente, faz TODO o sentido. Algumas pessoas menos letradas - para não lhes chamar ignorantes - têm bastante dificuldade em compreender para que serve a História e, concretamente, qual o intuito do seu ensino.

Recordo-me de ouvir uma funcionária de uma Biblioteca queixar-se que não percebia porque é que a filha tinha que saber o que foi o Paleolítico, ou de que forma ruiu o Império Romano.

Meus caros, compreender a História não é saber de cor os Reis de Portugal, embora isso possa ser (ou não) importante. Na realidade o objecto de estudo da História é o Homem, ou seja, vocês! E ao estudar o passado humano, a História explica grande parte do presente. Não é por acaso que cada um de nós nasceu num determinado local, fala uma determinada língua, tem determinados costumes, que Portugal é um pequeno estado-nação da Europa, ou que no Norte da Europa se vive substancialmente melhor.

O estudo e o ensino da História são fundamentais para o conhecimento da natureza humana, das suas particularidades, de que forma chegámos até ao presente, ou seja, para o nosso próprio auto-conhecimento enquanto sociedade.

P.S. - Entretanto uma pessoa ligada à História indicou-me este texto, concorde-se ou não creio que vale a pena ler:


4 comentários:

  1. Concordo absolutamente com estes dois textos!
    Para além de alguns continuarem a não perceber que a história é absolutamente transversal na nossa vida e na nossa forma de pensar; continua-se a achar que a educação da história é uma trivialidade, quase que um luxo de alguns intelectuais e que agora se constata descartável por razões de força maior, leia-se "crise económica e cortes no orçamento do Estado".
    Não vou sequer chatear-me pela probabilidade de as próximas gerações não terem sequer uma memória colectiva- que apenas virá ao de cima porque falamos todos a mesma língua e torcemos pela mesma equipa de futebol nos europeus e mundiais.
    Penso sim no nosso património móvel e imóvel que mesmo hoje com todo o esforço de educação patrimonial que associa escolas e museus continua a deteriorar-se a olhos vistos. A única solução para a preservação do nosso património é educarmos bem as nossas crianças, para termos amanhã adultos informados e conscientes.
    Como diria a minha professora de história "a história é como uma pescadinha de rabo na boca". Pois bem, o presente também o é!

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  2. Focas uma questão importante. Quantas vezes falta aos dirigentes políticos, sobretudo quando se trata de autarquias locais, uma sensibilidade para a preservação do património histórico (imóvel, documental, arqueológico, museológico, etc.). A consciência da importância da História certamente seria decisiva para alterar essa situação.

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  3. Nos dias que correm, em que somos bombardeados a toda a hora, por todos os meios de comunicação social, com notícias e comentários intermináveis sobre a crise económica e financeira, é ingrato defender a importância da história. Como a do património, da filosofia, da literatura, da arte, enfim, da cultura. A relevância para a vida humana de qualquer disciplina, mais ou menos científica, é medida apenas consoante a sua utilidade prática, imediata, quantificável, economicista. Quase todos parecem esquecer que o homem não se reduz a essa dimensão (ou não devia reduzir-se...), que a nossa identidade vai para além do PIB per capita ou do OE, que somos a actualização permanente de um passado específico, as reflexões que fazemos, os livros que escrevemos e lemos, as várias formas de arte que produzimos e apreciamos. Para além disso, se quisermos limitar-nos ao mundo da economia e das finanças, muito poucos percebem a potencialidade da própria cultura a esse nível, já bem demonstrada por diversos casos de investimentos públicos e privados de sucesso. Em jeito de desabafo, apetece-me dizer que cansa toda esta obsessão, quase cegueira, com os números! Há vida para além disto, abram-se horizontes!

    Ana Isabel Silva

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  4. Curiosamente existem bons exemplos onde o investimento em História & Patromónio tiveram excelente retorno financeiro. Esta semana ainda irei falar nisso.

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