segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Igualdade de género: o combate urgente ao feminismo


Escola Básica 2+3 Gaspar Correia, Portela de Sacavém, Setembro de 1996.

No intervalo "grande" da manhã num canto, entre as salas de Educação Visual e Trabalhos Manuais, um grupo de alunos decide canalizar todos os votos na eleição de delegado de turma para uma única pessoa. Este grupo resulta da discriminação que todos, sem excepção, sentem desde o 7º ano. Trata-se de uma discriminação de género com alguns toques de discriminação sócio-económica. O grupo é constituído exclusivamente por rapazes que, apesar da desvantagem numérica em relação às raparigas, está confiante na vitória devido à natural dispersão dos votos destas. Não será uma eleição fácil, são 9 rapazes numa turma com cerca de 25 alunos. Chegada a hora da votação tudo corre como combinado e, pela primeira vez, um rapaz é eleito delegado de turma perante a estupefacção da directora de turma e, sobretudo, de uma das raparigas que quando percebe o que se está a passar não hesita em protestar que o eleito era uma pessoa irresponsável.
O eleito fui eu e acreditem que não me tinha dado a este trabalho todo se tal não se justificasse.

Faculdade de Biblioteconomia e Documentação, Badajoz, 17 de Novembro de 2011.

Uma conferencista apresenta um trabalho em que refere a discriminação das mulheres nas Bibliotecas brasileiras e que o mesmo se deve passar em Portugal. No final, um jovem conferencista contesta referindo que tal se aplica certamente ao passado, mas não ao presente. Ou seja, não à sua geração e conclui alegando que nunca se sentiu beneficiado por ser homem, antes pelo contrário.
Novamente o jovem era eu.

Servem estas duas pequenas estórias pessoais para introduzir a questão da igualdade de género. Não nego que as mulheres foram durante séculos discriminadas quer legalmente, quer socialmente, e que esta situação se prolongou praticamente até aos dias de hoje. Admito que a sociedade portuguesa actual ainda não esteja totalmente em harmonia neste aspecto, mesmo nos centros urbanos, visto que quem detém o predomínio dos cargos mais relevantes é ainda uma geração onde o machismo dominava.

No entanto, na minha geração e remetendo para o meio em que me movi, isto é, um meio urbano e escolarizado, nunca senti qualquer discriminação em relação às mulheres. Na realidade considero que vivemos num pós-feminismo em que a mulher já conquistou, com todo o direito, o seu lugar na sociedade. Perante este cenário a existência de inúmeras feministas não só é um tremendo anacronismo, bem como constituiu um perigo para uma sociedade que se quer igualitária. Ou seja, temo que a sociedade que era claramente machista se torne, a curto prazo, feminista.

Foi para combater esta tendência que nos organizamos em 1996 e, igualmente, que eu reclamei quinze anos mais tarde. O simples facto de uma mulher se apresentar publicamente como feminista é para mim um tremendo insulto que nunca, mas nunca, tolerarei. Imaginem o escândalo que seria eu apresentar-me como machista, certamente seria repudiado e insultado de imediato. O contrário ser tolerado é para mim intolerável!

Eu sou um apologista da igualdade de género que significa isso mesmo IGUALDADE! Ora igualdade é a inexistência de atitudes machistas, mas também de atitudes feministas. Espero que outros pensem da mesma forma e, assim, se possa erradicar o cancro de discriminação social que é o feminismo.

5 comentários:

  1. Muito bem!!!
    Mas sem nunca por em causa o cavalheirismo!

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  2. Carlos (e restantes leitores), na minha óptica a questão passa por 2 pontos essenciais:

    - Eu consigo entender o conceito de igualdade de oportunidades entre géneros, agora nunca vai haver igualdade entre homens e mulheres porque no seu âmago são seres diferentes... a psicologia estuda isto, a sociologia estuda isto (entre outras) e as conclusões são semelhantes;

    - Depois existe a questão que só na geração que tem agora 40 anos é que se vai começar a ter um numero relevante de mulheres (quase igual com tendência a ser superior) com habilitações iguais à dos homens (em termos académicos). Acredito que a diferença que ainda existe (porque existe) na "igualdade de oportunidades" se vai esbater.

    Por fim, podendo ser um comentário polémico (sinceramente não me interessa), na minha opinião acho que ainda há um complexo de inferioridade da mulher em relação ao homem que faz com que haja ainda essa ideia de "feminismo", que considero, tal como tu, cada vez mais desadequado aos dias que correm.

    PS: Eu fiz parte do "grupo dos 9" que em 1996 ajudou a eleger, pela primeira vez no meu percurso académico, um rapaz como delegado de turma.

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  3. CLARO QUE SIM!!!!
    NADA MAIS MACHISTA QUE O CAVALHEIRISMO!!!!

    TODA MULHER TEM QUE SER CAVALHEIRA TAMBEM???
    OU É QUESTÃO DE EDUCAÇÃO (TANTO PARA HOMENS COMO MULHERES????)

    PELO FIM URGENTE DESSA ESTUPIDEZ DE CAVALHEIRISMO !!! ISSO É COISA DE SOCIEDADE ELITISTA E MEDIEVAL!!!!

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  4. Meus caros,

    Eu não falei de cavalheirismo, nem tão pouco compreendo quer o comentário do Miguel, quer este. Preferia que comentassem o conteúdo do blog e não uma discussão que não percebo de onde surgiu

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  5. Se entre os homens há diferenças, como a minha e do Arney, quanto mais entre caracteres genéticos XX e XY.
    O mais importante é respeitar-mo-nos nas nossas diferenças.

    O que quis dizer é que por vezes, em alturas como estas, nos esquecemos de princípios básicos que nos foram transmitidos por gerações anteriores.

    Ao ser amável com uma mulher não estou a querer faltar-lhe ao respeito, nem ela o deve entender desse modo. Estou apenas a agir da forma que fui educado. Assim como quando cedo o lugar a uma pessoa idosa, não a estou a chamar de incapaz, mas a respeitar os muitos anos em que essa mesma pessoa, como eu, cedeu, ela própria, o lugar a outros mais idosos.

    Os valores, são, no fundo, aquilo que faz com que consigamos sobreviver no dia a dia em sociedade, e ser respeitador já me livrou de muitas chatices no passado... foi até elas acontecerem que descobri que se agisse de outra forma estava bem lixado.

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