quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Desertificação do Alto Alentejo: alguns mitos e possíveis soluções


Não irei atribuir responsabilidades a este ou aquele executivo, seja ele nacional ou local, sobre o estado de desertificação a que chegou o nosso distrito. Creio que é um assunto demasiado complexo para se tratar em tão pouco espaço e tem demasiados responsáveis e agentes que dava, pelo menos, uma tese de mestrado.

No entanto, existem alguns pontos que gostava de focar. Primeiro quero reforçar quantitativamente a minha ideia de que o desmantelamento da agricultura com a entrada de Portugal na CEE e, consequentemente, a adesão à Política Agrícola Comum pode ter contribuído para esta situação, mas está longe de ser o único motivo e, quiçá, o mais significativo.

O próximo quadro expressa a percentagem da população do distrito de Portalegre no total da população portuguesa.


Censo

Portalegre

1900

2,3%

1920

2,5%

1940

2,4%

1950

2,4%

1960

2,1%

1970

1,7%

1980

1,5%

2000

1,2%

2011

1,1%


Fonte: RODRIGUES, Teresa (coord.) - História da População Portuguesa. Porto: Edições Afrontamento, 2009.


Como podemos verificar, o declínio da população norte alentejana iniciou-se ainda nos anos 50, muito antes da PAC e quando Portugal estava ainda sob um considerável sistema de proteccionismo económico.

Aliás, o fenómeno de êxodo rural não é exclusivo de Portugal e pode ser encontrado em qualquer país desenvolvido. Na realidade, durante o século XX, a produtividade agrícola aumentou imenso em Portugal e, desta forma, foi dispensada mão-de-obra que se deslocou para os centros urbanos.

Péssimas notícias? Não, pelo contrário! Caso tal não tivesse acontecido teríamos caído numa armadilha Maltusiana, isto é, a pressão populacional iria aumentar os preços agrícolas até um nível onde parte significativa da sociedade seria forçada a uma sub-nutrição constante. Neste caso, a população tenderia a estagnar devido ao aumento da mortalidade associada a uma dieta alimentar pobre ( maior mortalidade infantil, aumento dos abortos espontâneos, disseminação de epidemias).

Portanto, daqui se depreende que apostar só na agricultura não seria, nem será, a solução para repovoar a nossa região. Assim, proponho que se pensem em novos modelos de desenvolvimento económico-social como turismo (histórico, rural, paisagístico, etc.) e, sobretudo, na produção de energia solar aproveitando as excelentes condições naturais existentes para tal. Mesmo que fosse numa lógica de auto-consumo - não sei qual a exequibilidade de se alimentar a rede eléctrica nacional -, criavam-se postos de trabalho com quadros qualificados, poupava-se o ambiente e reduzia-se as importações de combustíveis fosseis, ou seja, a factura energética portuguesa.

1 comentário:

  1. em relação a este tópico...penso que a nossa região do alto alentejo, tal como todo o nosso país, era (e é ainda) um dos grandes detentores de um grande potencial agricola e consequentemente um poderoso aliado para aquilo que os politicos chamam de PIB e deveria ser analisado com outros olhos a possibilidade de investir nesta area para num curto espaço de tempo conseguirmos exportar estes nossos produtos regionais e consguir algum lucro com isso...só que infelizmente pelo que li e leio, portugal à uns anos atrás recebeu grandes montantes de dinheiro para deixar de produzir e explorar os seus recursos (o caso da frança com o leite dos açores é o que melhor me recordo de ler) e assim estes países que pagaram para deixar mos de produzir, detêm neste momento o monopólio desses recursos e obriga-nos a importar aquilo que tinhamos o suficiente (ou quase) para sermos autonomos...ou seja, penso que a solução da nossa zona passará muito pela revitalizção dos nossos recursos e começar de novo para tentar depender mos de nós cerca de 70 a 75% como já o fomos e agora somos apenas 15 a 25%!!!!!!!!!!!!!!! como é possivel...claro que para inicar este processo seria necessario os tais subsidios que neste momento graças à grande gestão do nosso governo estão congelados...fica aqui mais uma opiniao...nao sei se se enquadra com o topico..

    carlos falcato

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