quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Um mercado que não reage? A transformação industrial de cortiça em Portugal (1870-1930)

A exportação de cortiça em Portugal, ao contrário do que se poderia pensar do maior produtor mundial de cortiça, privilegiava a venda da matéria-prima em bruto ou semitransformada, com pouco ou nenhum valor acrescentado, em detrimento da exportação de cortiça transformada, de elevado valor acrescentado. Como exemplo, posso adiantar que, entre 1867 e 1933, um quilograma de cortiça transformada foi vendido por um valor entre 2 a 5 vezes superior ao da cortiça em bruto ou semitransformada.

Gráfico 1 - Rácio do valor de cortiça transformada/cortiça semitransformada ou em bruto 


Ainda assim, a percentagem de cortiça transformada pela indústria nacional cresceu, neste período, mas de forma muito lenta. Aliás, como se pode verificar no gráfico anterior, o preço da cortiça transforma mostrou uma tendência de crescimento, não obstantes diversas oscilações, superior à matéria-prima semitransformada ou em bruto.


Na realidade, a indústria corticeira portuguesa parece ter reagido muito lentamente à subida de preço da cortiça transformada, já que a correlação entre o preço desta e percentagem de cortiça transformada no total das exportações portuguesas é de 0,15. Ou seja, existe uma fraca ligação entre a valorização da cortiça e a sua transformação industrial em terras lusas.

Fica a pergunta: porque é que os agentes económicos não reagiram ao mercado?

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