quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Projecto turístico da albufeira de Montargil


Anteontem tive oportunidade de passar os olhos pelo Público, e embora não tenha feito nada mais do que realmente passar os olhos, li uma reportagem sobre o falhanço do projecto turístico do Alqueva. De forma automática, a minha mente estabeleceu a comparação com o caso de Montargil, uma Albufeira com mais de 50 anos e, tal como a sua congénere do Baixo Alentejo, tem prometido uma revolução turística que continua, em parte, por cumprir. Não que a albufeira não tenha atraído alguns investimentos turísticos, no entanto, creio que todos estão de acordo que estes foram reduzidos e, infelizmente, muitos têm vindo a falhar. Para piorar o cenário correm alguns rumores sobre o possível encerramento do CS Hotel do Lago, o maior e mais luxuoso dos diversos investimento turísticos feito nas margens desta barragem.

Espero sinceramente que o CS mantenha a sua actividade e, dessa forma, traga cada vez mais turistas a Montargil e ao Alto Alentejo. Contudo, queria tecer algumas considerações que, na minha opinião, prejudicam o turismo na zona de Montargil, no caso de empreendimentos de luxo como o CS Hotel do Lago ou do projecto falhado do Charcas Lagoon Resort.

Ao contrário do Presidente da Câmara, eu não compreendo porque é que alguém que está disposto a pagar mais de 120 euros por noite opte por Montargil, em detrimento de qualquer destino no estrangeiro ou, dentro do território nacional, na praia, na montanha e no campo. Eu não faria pelo simples facto que, para além de uma barragem e de uma paisagem agradável, na realidade Montargil e o restante concelho de Ponte de Sor, à primeira vista, pouco mais têm para oferecer. Não dispondo de património histórico visitável ou de qualquer outra actividade que seduza o visitante como, por exemplo, pode com facilidade encontrar-se no Sotavento Algarvio, no triângulo Évora-Elvas-Vila Viçosa ou nas aldeias históricas das Beiras. 

Contudo, o Alto Alentejo é fértil em património histórico (Alter, Crato, Avis, Portalegre, Belver) e mesmo Ponte de Sor tem algum potencial por explorar como, por exemplo, os moinhos de água. Podem ainda surgir outras actividades de carácter lúdico e recreativo, das quais a empresa Azenhas de Seda são um raro exemplo. Só assim, na minha opinião, se pode fidelizar o público que tem possibilidade de escolher com facilidade outros destinos.

Em relação a um segmento com menores recursos económicos, creio que a barragem tem feito o seu papel, sendo visível o sucesso da Orbitur. É sempre mais fácil agradar quem não tem outras possibilidades de escolha e, consequentemente, quem desconhece outras realidades.

Pessoalmente espero, num futuro a médio prazo, contribuir para o estabelecimento da indústria turística no concelho de Ponte de Sor e já dei uma modesta contribuição. Em Junho de 2011, a Associação Nova Cultura e a Staurós, contando com o apoio da Câmara Municipal, lançou uma obra que descreve o património histórico religioso da freguesia de Montargil. Trata-se da obra "Montargil na Rota do Sagrado" e  fui o autor da introdução histórica. Um dos objectivos era exactamente de divulgar entre os turistas este património. Para o conseguir é ainda necessário que o mesmo esteja visitável, pelo menos na época alta. Eu sei que a logística é muito difícil, mas recordo-me que Câmara Municipal de Tavira consegue ter, durante o Verão, cerca de 30 monumentos abertos ao público recorrendo a um programa de "Férias Activas" entre os estudantes do ensino secundário.

Fica aqui esta ideia e as minhas opiniões, agora espero as vossas.....


4 comentários:

  1. O município de Ponte de Sor só se preocupa com o desporto deixando a industria hoteleira e ainda mais a industria fabril de parte duas oportunidades de empregabilidade mas que o atual presidente menospreza e além da indiferença para com os industriais os trata mal.Exposições empresariais e que dinamizem o comercio local e a gastronomia já não há desde que a fundação ou lá o que é agora foi restaurada, será que para melhor? É realmente uma pena vermos todos os dias familiares e amigos a irem para outras paragens. Tanto havia para dizer sobre esta triste realidade.

    ResponderEliminar
  2. Sobre o seu comentário tenho várias coisas a dizer:

    1 - De facto a autarquia apostou imenso no Desporto, com bons resultados dos quais aqui já falei.

    2 - Pode-se argumentar que essa aposta retirou verbas de outros sectores. Concordo, em parte, e sou, por exemplo, crítico em relação à política cultural, mas isso levar-me-ia a uma extensa argumentação que agora não farei.

    3 - Creio que a Câmara vai disponibilizar um local para aí se situarem empresas a baixo custo e, para além disso, oferece micro-crédito através de um acordo com o BES. É um bom apoio à criação de PME's no concelho.

    4 - O mais importante é a nossa mudança de mentalidade. Eu sou da opinião que quanto menos apoios estatais tivermos melhor. Por um lado, não ficamos tão dependentes das arbitrariedades e da corrupção que caracteriza a administração pública. Por outro, não criamos empresas artificiais que dependem totalmente do estado e, caso um dia este falhe, elas caiem.

    Por último, em relação ao trabalho da Câmara tenho uma posição ambígua pois considero que fizeram alguns bons trabalhos (Desporto, Gestão Financeira) e algumas más escolhas (Cultura, Gestão de Recursos Humanos)

    ResponderEliminar
  3. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderEliminar
  4. De forma a não criar quaisquer equívocos e mal entendidos por parte de pessoas mal intencionadas, queria esclarecer somente que a referência à corrupção não se dirige contra um organismo em particular. Uma empresa, segundo o Ministro da Economia afirmou ontem, interage com mais de 10 organismos públicos, desde a Administração Local à Administração Central. Nesta cadeia burocrática é fácil encontrar-mos um agente corrupto e o "nacional-amiguismo". Foi somente isto que quis dizer. Falando claro e sem rodeios, não, não me estava a referir à Câmara Municipal de Ponte de Sor. Este espaço foi criado para a discussão saudável entre as populações com quem partilho espaços comuns: Pontessorenses; Lisboetas, especialmente Olivalenses; e, no limite, portugueses.

    Os textos são assinados e exprimem apenas a minha opinião pessoal, não deixo no ar acusações vagas, elas existem quando têm que existir e são inequívocas. É assim com todos!

    ResponderEliminar