sábado, 18 de agosto de 2012

Mercado corticeiro ibérico: os casos do Sudoeste Espanhol e Alto Alentejo (1850-1914)


Este é o título provisório de uma proposta provisória de um trabalho que elaborarei com o meu amigo Francisco Parejo Moruno, Professor de Economia da Universidad de Extremadura, em Badajoz. A contextualização e a problematização é a seguinte:   


(Quadro da autoria do Rei D. Carlos do final do século XIX)

A exploração industrial de cortiça iniciou-se em França, no final do século XVII, devido à necessidade do fabrico de rolhas para a indústria vinícola local (PAREJO MORUNO, 2010, p. 15). Contudo, devido à distribuição geográfica do montado de sobro, a indústria corticeira expandiu-se, já em meados do século XVIII, até à Catalunha, visto que a produção francesa rapidamente se revelou insuficiente para satisfazer o aumento da procura de rolhas de cortiça (PAREJO MORUNO, 2010, p. 15). No entanto, com a produção vinícola em crescimento exponencial durante o século XIX (SIMPSON, 2011, p. 1-2), também a produção catalã não foi suficiente para abastecer as necessidades da indústria corticeira. Assim, a procura por matéria-prima estendeu-se às regiões com maior superfície de montando, ou seja, o Sudoeste Espanhol (SERRANO VARGAS, 2009, p. 606-607) e Portugal (MARTINS, 2005, p. 246).
      
Com este trabalho procuraremos identificar as principais características da exploração florestal da cortiça, tendo como base os contratos de arrendamento de cortiça que se celebraram intensamente nestas regiões, num esforço comparativo entre três regiões distintas: Andaluzia, Extremadura e Alto Alentejo. Concretamente pretendemos analisar a duração dos contratos, compreendendo se estes de adaptaram à natureza do ciclo produtivo; determinar quais as zonas industriais que, ao longo do período considerado, foram sendo abastecidas pela cortiça andaluza, extremenha e alentejana; e, por último, determinar se as grandes indústrias corticeiras conseguiram implementar uma estratégia operacional que passaria pela integração vertical, adquirindo cortiça junto do produtor como, por exemplo, parece ser o caso de George Robinson (FONSECA, 1996, p. 69) ou se, por outro lado, convergiam sobre a exploração da cortiça diferentes interesses antagónicos – de produtores, comerciantes e industriais -, perante a ausência de integração vertical, como foi assinalado para o século XX, em Portugal (BRANCO, 2005, p. 165-166).

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